A PROMESSA DO ORIENTE

(Tapeçaria
do BNU em Zurque. Magnífica tapeçaria: Chegada de Vasco da Gama a Calicut)
Calecut no tempo da chegada dos Portugueses:
De Agosto a Outubro vinham todos os anos do mar Vermelho, trazendo cobre, prata e ouro, mercúrio e cinábrio, coral e açafrão, veludo de cor e água de rosas do Médio Oriente a Calicut, de onde partiam novamente em Fevereiro, carregados de especiarias da Índia e mercadorias do remoto Oriente.
Em contacto permanente com a Arábia, o Egipto, a Pérsia e a África Oriental, Calicut foi visitada, já no tempo de Ibne Batuta, por mercadores da China, de Samatra, de Ceilão e das Ilhas Maldivas, chegando a ser o principal empório da costa indiana. Em cada ano chegavam ali mais de seiscentos navios, não havendo qualquer produto asiático que ali se não encontrasse. Ao mesmo tempo que a pimenta indígena, o gengibre e a canela, que foram levados primeiro pelos árabes àquela costa, e especiarias como cardamomo e cana fístula, o cravo, a cânfora, o sândalo, o âmbar, o marfim, e os mais finos tecidos de algodão, seda e brocados, laca e porcelanas e outras mercadorias tão finas como estas, provenientes do Extremo Oriente e da China." - Elaine Sanceau, “O caminho da Índia”.
Calecut no tempo da chegada dos Portugueses:
De Agosto a Outubro vinham todos os anos do mar Vermelho, trazendo cobre, prata e ouro, mercúrio e cinábrio, coral e açafrão, veludo de cor e água de rosas do Médio Oriente a Calicut, de onde partiam novamente em Fevereiro, carregados de especiarias da Índia e mercadorias do remoto Oriente.
Em contacto permanente com a Arábia, o Egipto, a Pérsia e a África Oriental, Calicut foi visitada, já no tempo de Ibne Batuta, por mercadores da China, de Samatra, de Ceilão e das Ilhas Maldivas, chegando a ser o principal empório da costa indiana. Em cada ano chegavam ali mais de seiscentos navios, não havendo qualquer produto asiático que ali se não encontrasse. Ao mesmo tempo que a pimenta indígena, o gengibre e a canela, que foram levados primeiro pelos árabes àquela costa, e especiarias como cardamomo e cana fístula, o cravo, a cânfora, o sândalo, o âmbar, o marfim, e os mais finos tecidos de algodão, seda e brocados, laca e porcelanas e outras mercadorias tão finas como estas, provenientes do Extremo Oriente e da China." - Elaine Sanceau, “O caminho da Índia”.
2.a) Comércio

No século XV, éramos um país pequeno, sem grande importância no cenário europeu.
Por causa da visão de quatro ou cinco grandes figuras, e por causa do esforço de alguns milhares de portugueses, construímos um império comercial marítimo.
E este marítimo é importante: com poucos homens, a única forma possível de nos instalarmos em locais tão distantes seria com base em feitorias: portos localizados em zonas comerciais estratégicas, guarnecidas por fortalezas que, ao longo das costas, trocavam produtos que vinham da Europa e dos restantes territórios do ultramar com aqueles que aí existissem.
Ao contrário de outros países que, com muito mais gente, tiveram capacidade para povoar os territórios que conquistaram, nós nunca tivemos essa possibilidade, pelo que o nosso império foi, realmente, marítimo, apoiado em feitorias, à volta das quais, quando as relações com os povos vizinhos o permitiam, iam crescendo cidades.
E, na verdade, as relações com os autóctones não foram sempre pacíficas. Todo o tempo que durou a nossa presença na Índia ficou marcado por permanentes conflitos e guerras com os reis ou com as populações locais.
Por causa da visão de quatro ou cinco grandes figuras, e por causa do esforço de alguns milhares de portugueses, construímos um império comercial marítimo.
E este marítimo é importante: com poucos homens, a única forma possível de nos instalarmos em locais tão distantes seria com base em feitorias: portos localizados em zonas comerciais estratégicas, guarnecidas por fortalezas que, ao longo das costas, trocavam produtos que vinham da Europa e dos restantes territórios do ultramar com aqueles que aí existissem.
Ao contrário de outros países que, com muito mais gente, tiveram capacidade para povoar os territórios que conquistaram, nós nunca tivemos essa possibilidade, pelo que o nosso império foi, realmente, marítimo, apoiado em feitorias, à volta das quais, quando as relações com os povos vizinhos o permitiam, iam crescendo cidades.
E, na verdade, as relações com os autóctones não foram sempre pacíficas. Todo o tempo que durou a nossa presença na Índia ficou marcado por permanentes conflitos e guerras com os reis ou com as populações locais.
2.b) Missionação

Desde o primeiro momento, quando, no início do sec. XV D. Henrique planeava tomar Ceuta, um dos fins era continuar a cruzada, converter os mouros e trazê-los a Cristo.
Ao longo de toda a Descoberta, este foi um propósito sempre muito presente.
Ainda no início, quando explorávamos a costa africana, havia a tentativa de encontrar um lendário “Preste João”, o rei de um reino cristão que, no coração de África, teria sido evangelizado por S. Tomé.
Em todas as caravelas, a par dos marinheiros e comerciantes, seguiam padres missionários – sobretudo jesuítas, dominicanos, franciscanos e agostinianos – que procuravam converter os mouros e pagãos que íamos encontrando nas terras onde chegávamos.
Já na Índia, a Igreja vivia a braços com uma difícil tarefa: este país fora, desde tempos longínquos, um país maioritariamente hindu, e, mais recentemente, dominado por muçulmanos. Havia que trabalhar nestas duas frentes.
Ao longo de toda a Descoberta, este foi um propósito sempre muito presente.
Ainda no início, quando explorávamos a costa africana, havia a tentativa de encontrar um lendário “Preste João”, o rei de um reino cristão que, no coração de África, teria sido evangelizado por S. Tomé.
Em todas as caravelas, a par dos marinheiros e comerciantes, seguiam padres missionários – sobretudo jesuítas, dominicanos, franciscanos e agostinianos – que procuravam converter os mouros e pagãos que íamos encontrando nas terras onde chegávamos.
Já na Índia, a Igreja vivia a braços com uma difícil tarefa: este país fora, desde tempos longínquos, um país maioritariamente hindu, e, mais recentemente, dominado por muçulmanos. Havia que trabalhar nestas duas frentes.

Desde
logo, portanto, foi grande a preocupação com a construção de Igrejas, de
capelas, de conventos e de escolas e a concomitante evangelização, cujo expoente máximo foi S. Francisco Xavier, o “Apóstolo das
Índias”. É impressionante passear hoje pelas ruas da Índia Portuguesa, ao longo
das quais se vêem, permanentemente templos católicos; em cada ruela, em cada
avenida, em cada casa, muitas vezes, há uma Igreja, uma capela, um pequeno
altar.