1.
Índia –
abordagem histórica e geral
A história da Índia tem início com o registo arqueológico, em 1990, da presença do Homo Sapiens, há cerca de 34000 anos. Uma civilização da Idade do Bronze emergiu na época aproximadamente contemporânea às civilizações do Médio Oriente. Como regra, a história da Índia abrange todo o sub-continente indiano, correspondente aos actuais República da Índia, Paquistão, Bangladesh, Sri Lanka, Nepal e Butão.
A civilização do Vale do Indo surgiu no século XXXII a.C. e atingiu a maturidade a partir do século XXV a.C.. Seguiu-se-lhe a civilização védica. A origem dos indo-arianos é um ponto de relativa controvérsia. A maioria dos estudiosos acredita em algum tipo de hipótese de migração indo-ariana, segundo a qual os arianos, um povo semi-nómada possivelmente da Ásia Central ou do norte do Irão, teriam migrado para o noroeste do sub-continente entre 2000 e 1500 a.C.. A natureza de tal migração, o local de origem, e até mesmo a própria existência dos arianos como povo distinto, são fortemente discutidos. A fusão da cultura védica com as culturas dravídicas que lhe eram anteriores (presumivelmente os descendentes da civilização do Vale do Indo) aparentemente resultou na cultura indiana clássica, embora os detalhes específicos do processo sejam controversos. Alguns entendem, por outro lado, que a civilização do Vale do Indo era essencialmente védica, e que se teria espalhado para partes da Europa entre o sexto e o segundo milénios a.C.. Os nascimentos de Mahavira e de Buda, no século VI a.C., marcam o começo da fase mais bem registrada da história indiana. Nos 1500 anos seguintes a Índia produziu a sua civilização clássica e, segundo alguns historiadores, a maior economia do mundo antigo entre os séculos I e XV d.C., ao controlar entre um terço e um quarto da riqueza mundial até a época mogol, após o que declinou rapidamente sob domínio britânico.
Às incursões por exércitos árabes e centro-asiáticos nos séculos VIII e XIII seguiram-se as de comerciantes da Europa, a partir do final do século XV. A Companhia Inglesa das Índias Orientais foi fundada em 1600 e iniciou, desde 1757, a colonização de partes da Índia. Na altura de 1858, após derrotar uma confederação sique, no Panjabe, a coroa britânica assumira o controlo político de virtualmente todo o sub-continente. As tropas indianas no exército britânico desempenharam um papel vital em ambas as guerras mundiais. A resistência não violenta ao colonialismo britânico, chefiada por Mahatma Gandhi, Vallabhbhai Patel e Jawaharlal Nehru, levou à independência frente ao Reino Unido em 1947. O sub-continente foi partilhado entre a República da Índia, secular e democrática, e a República Islâmica do Paquistão. Como resultado de uma guerra entre aqueles dois países, em 1971, o Paquistão Oriental tornou-se o Estado independente de Bangladesh. No século XXI, a Índia tem obtido ganhos expressivos em investimento e produção económicos, constituindo-se na maior democracia do mundo, com uma população de mais de 1 bilião de pessoas, e na quarta maior economia do planeta.
Fora do sul da Ásia, a história, a cultura e a política da Índia frequentemente se sobrepõem aos países vizinhos. A cultura, economia e política indianas exerceram influência ao longo de milénios na história e na cultura de países no sudeste asiático, no leste e no centro da Ásia, como Indonésia, Cambodja, Tailândia, China, Tibete, Afeganistão, Irão e Turquestão. Após as incursões árabes na Índia no início do segundo milénio d.C., missões semelhantes em busca da lendária riqueza indiana influenciaram fortemente a história da Europa medieval, a partir da chegada de Vasco da Gama. Cristóvão Colombo descobriu a América, quando procurava uma nova rota para a Índia, e o Império Britânico obteve grande parte de seus recursos após a incorporação da Índia (a "Jóia da Coroa") do final do século XVIII até 1947.
A civilização do Vale do Indo surgiu no século XXXII a.C. e atingiu a maturidade a partir do século XXV a.C.. Seguiu-se-lhe a civilização védica. A origem dos indo-arianos é um ponto de relativa controvérsia. A maioria dos estudiosos acredita em algum tipo de hipótese de migração indo-ariana, segundo a qual os arianos, um povo semi-nómada possivelmente da Ásia Central ou do norte do Irão, teriam migrado para o noroeste do sub-continente entre 2000 e 1500 a.C.. A natureza de tal migração, o local de origem, e até mesmo a própria existência dos arianos como povo distinto, são fortemente discutidos. A fusão da cultura védica com as culturas dravídicas que lhe eram anteriores (presumivelmente os descendentes da civilização do Vale do Indo) aparentemente resultou na cultura indiana clássica, embora os detalhes específicos do processo sejam controversos. Alguns entendem, por outro lado, que a civilização do Vale do Indo era essencialmente védica, e que se teria espalhado para partes da Europa entre o sexto e o segundo milénios a.C.. Os nascimentos de Mahavira e de Buda, no século VI a.C., marcam o começo da fase mais bem registrada da história indiana. Nos 1500 anos seguintes a Índia produziu a sua civilização clássica e, segundo alguns historiadores, a maior economia do mundo antigo entre os séculos I e XV d.C., ao controlar entre um terço e um quarto da riqueza mundial até a época mogol, após o que declinou rapidamente sob domínio britânico.
Às incursões por exércitos árabes e centro-asiáticos nos séculos VIII e XIII seguiram-se as de comerciantes da Europa, a partir do final do século XV. A Companhia Inglesa das Índias Orientais foi fundada em 1600 e iniciou, desde 1757, a colonização de partes da Índia. Na altura de 1858, após derrotar uma confederação sique, no Panjabe, a coroa britânica assumira o controlo político de virtualmente todo o sub-continente. As tropas indianas no exército britânico desempenharam um papel vital em ambas as guerras mundiais. A resistência não violenta ao colonialismo britânico, chefiada por Mahatma Gandhi, Vallabhbhai Patel e Jawaharlal Nehru, levou à independência frente ao Reino Unido em 1947. O sub-continente foi partilhado entre a República da Índia, secular e democrática, e a República Islâmica do Paquistão. Como resultado de uma guerra entre aqueles dois países, em 1971, o Paquistão Oriental tornou-se o Estado independente de Bangladesh. No século XXI, a Índia tem obtido ganhos expressivos em investimento e produção económicos, constituindo-se na maior democracia do mundo, com uma população de mais de 1 bilião de pessoas, e na quarta maior economia do planeta.
Fora do sul da Ásia, a história, a cultura e a política da Índia frequentemente se sobrepõem aos países vizinhos. A cultura, economia e política indianas exerceram influência ao longo de milénios na história e na cultura de países no sudeste asiático, no leste e no centro da Ásia, como Indonésia, Cambodja, Tailândia, China, Tibete, Afeganistão, Irão e Turquestão. Após as incursões árabes na Índia no início do segundo milénio d.C., missões semelhantes em busca da lendária riqueza indiana influenciaram fortemente a história da Europa medieval, a partir da chegada de Vasco da Gama. Cristóvão Colombo descobriu a América, quando procurava uma nova rota para a Índia, e o Império Britânico obteve grande parte de seus recursos após a incorporação da Índia (a "Jóia da Coroa") do final do século XVIII até 1947.
A. As idades da Índia
a) Idade da Pedra
b) Idade do Bronze
b)1 Civilização do Vale do Indo
b)2 Civilização védica
c) Os 16 Mahajanapadas da Idade do Ferro
d) Invasões persa e grega
d) 1 Império aquemênidan
d) 2 O império de Alexandresco
e) Império Magadhacusão
e) 1 Império Gupta
e) 2 Invasão dos hunos brancos
f) Reinos médios tardios - a era clássica
f) 1 Dinastia chola
f) 2 Rajaputros
g) Invasão islâmica
g) 1 Sultanato de Delhi
h) Império Mogol
i) Era pós-mogol
i) 1 Império Marata
i) 2 Panjabe
l) Era colonial
l) 1 Índia britânica
m) Movimento de independência
b) Idade do Bronze
b)1 Civilização do Vale do Indo
b)2 Civilização védica
c) Os 16 Mahajanapadas da Idade do Ferro
d) Invasões persa e grega
d) 1 Império aquemênidan
d) 2 O império de Alexandresco
e) Império Magadhacusão
e) 1 Império Gupta
e) 2 Invasão dos hunos brancos
f) Reinos médios tardios - a era clássica
f) 1 Dinastia chola
f) 2 Rajaputros
g) Invasão islâmica
g) 1 Sultanato de Delhi
h) Império Mogol
i) Era pós-mogol
i) 1 Império Marata
i) 2 Panjabe
l) Era colonial
l) 1 Índia britânica
m) Movimento de independência
a) Idade da Pedra
A cultura da Idade da Pedra no sub-continente indiano coincidiu com o início da colonização pelo homem e progrediu para a agricultura e o desenvolvimento de ferramentas derivadas de objectos naturais ou criados a partir de matérias-primas. A comunidade Mehrgarh constitui-se no estágio preliminar da agricultura no sub-continente e levou ao surgimento da civilização do Vale do Indo, pertencente à Idade do Bronze.
b) Idade do Bronze

As civilizações da Idade do Bronze no sub-continente indiano lançaram as bases da moderna cultura indiana, inclusive o surgimento de assentamentos urbanos e o desenvolvimento das crenças védicas que formam o núcleo do hinduísmo.
b) 1 – Civilização do Vale do Indo
A irrigação do Vale do Indo, que fornecia recursos suficentes para sustentar grandes centros urbanos como Harappa e Mohenjo-daro em cerca de 2500 a.C., marcou o início da civilização harappa. Aquele período testemunhou o nascimento da primeira sociedade urbana na Índia, conhecida como a civilização do Vale do Indo (ou civilização harappa), que floresceu entre 2500 e 1900 a.C.. Concentrava-se em volta do rio Indo e seus tributários e estendia-se ao doab Ganges-Yamuna, ao Guzarate e ao norte do actual Afeganistão.
Esta civilização caracterizava-se pelas suas cidades construídas com tijolos, por sistemas de águas pluviais e por casas com vários andares. Quando comparada com as civilizações contemporâneas como o Egipto e a Suméria, a cultura do Indo dispunha de técnicas de planeamento urbano singulares, cobria uma área geográfica mais extensa e pode ter formado um Estado unificado, como sugere a extraordinária uniformidade dos seus sistemas de medida. As referências históricas mais antigas à Índia talvez sejam as relativas a "Meluhha", em registos sumérios, que poderia ser a civilização do Vale do Indo.
As ruínas de Mohenjo-daro constituíam o centro daquela antiga sociedade. Os assentamentos da civilização do Indo disseminaram-se até as modernas Bombaim, ao sul, Delhi, a leste, e a fronteira iraniana, a oeste, limitando com os Himalaias a norte. Os principais centros urbanos eram Harappa e Mohenjo-daro, bem como Dholavira, Ganweriwala, Lothal, Kalibanga e Rakhigarhi. No seu zénite, como crêem alguns arqueólogos, a civilização do Indo talvez contivesse uma população de mais de cinco milhões de habitantes. Até ao presente, mais de 2500 antigas cidades e assentamentos foram identificados, em geral na região a leste do rio Indo no actual Paquistão. Alguns acreditam que as perturbações geológicas e as mudanças climáticas, responsáveis pelo desmatamento gradual, teriam contribuído para a queda daquela civilização. Em meados do II milénio a.C., a região da bacia do rio Indo, que inclui cerca de dois terços dos sítios actualmente conhecidos, secou, levando a população a abandonar os assentamentos.
Esta civilização caracterizava-se pelas suas cidades construídas com tijolos, por sistemas de águas pluviais e por casas com vários andares. Quando comparada com as civilizações contemporâneas como o Egipto e a Suméria, a cultura do Indo dispunha de técnicas de planeamento urbano singulares, cobria uma área geográfica mais extensa e pode ter formado um Estado unificado, como sugere a extraordinária uniformidade dos seus sistemas de medida. As referências históricas mais antigas à Índia talvez sejam as relativas a "Meluhha", em registos sumérios, que poderia ser a civilização do Vale do Indo.
As ruínas de Mohenjo-daro constituíam o centro daquela antiga sociedade. Os assentamentos da civilização do Indo disseminaram-se até as modernas Bombaim, ao sul, Delhi, a leste, e a fronteira iraniana, a oeste, limitando com os Himalaias a norte. Os principais centros urbanos eram Harappa e Mohenjo-daro, bem como Dholavira, Ganweriwala, Lothal, Kalibanga e Rakhigarhi. No seu zénite, como crêem alguns arqueólogos, a civilização do Indo talvez contivesse uma população de mais de cinco milhões de habitantes. Até ao presente, mais de 2500 antigas cidades e assentamentos foram identificados, em geral na região a leste do rio Indo no actual Paquistão. Alguns acreditam que as perturbações geológicas e as mudanças climáticas, responsáveis pelo desmatamento gradual, teriam contribuído para a queda daquela civilização. Em meados do II milénio a.C., a região da bacia do rio Indo, que inclui cerca de dois terços dos sítios actualmente conhecidos, secou, levando a população a abandonar os assentamentos.
b) 2 – Civilização védica

A civilização védica é a cultura indo-ariana associada com o povo que compôs os Vedas no sub-continente indiano. Incluía o actual Panjabe, na Índia e Paquistão, e a maior parte da Índia setentrional. A relação exacta entre a génese desta civilização e a cultura do Vale do Indo, por um lado, e uma possível imigração indo-ariana, por outro, é motivo de controvérsia.
A maioria dos estudiosos entende que esta civilização floresceu entre os II e I milénios a.C.. O uso do sânscrito védico continuou até o século VI a.C., quando a cultura se começou a transformar nas formas clássicas do hinduísmo. Esta fase da história da Índia é conhecida como o “período védico” ou “era védica”. A sua fase primitiva testemunhou a formação de diversos reinos da Índia antiga; na sua fase tardia (a partir de cerca de 700 a.C.), surgiram os Mahajanapadas, dezasseis grandes reinos no norte e no noroeste da Índia. Seguiram-se-lhe a Idade de Ouro do hinduísmo e da literatura em sânscrito clássico, o Império Maurya (a partir de cerca de 320 a.C.) e os reinos médios da Índia (a partir do século II a.C.).
Além dos principais textos do hinduísmo (os Vedas), os grandes épicos indianos (Ramáiana e Maabárata), inclusive as famosas histórias de Rama e Krishna, teriam a sua origem neste período, a partir de uma tradição oral. O Bhagavad Gita, outro bem-conhecido texto primário do hinduísmo, está contido no Maabárata.
Dataria desta época a organização da sociedade indiana em quatro varnas (castas).É nesta época que se encontram as raízes da religião hindu. Entre as suas raízes está a religião védica da Idade do Ferro na Índia e, como tal, o hinduísmo é citado frequentemente como a "religião mais antiga", a "mais antiga tradição viva" ou a "mais antiga das principais tradições existentes". É formado por diferentes tradições e composto por diversos tipos, e não possui um fundador. Estes tipos, sub-tradições e denominações, quando somadas, fazem do hinduísmo a terceira maior religião, depois do Cristianismo e do Islamismo.
Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas, representado por divindades individuais. O hinduísmo é centrado sobre uma variedade de práticas que são vistos como meios de ajudar o indivíduo a experimentar a divindade que está em todas as partes, e realizar a verdadeira natureza de seu Ser.
A teologia hinduísta se fundamenta no culto aos avatares (manifestações corporais) da divindade suprema, Brâmane. Particular destaque é dado à Trimurti - uma trindade constituída por Brama (Brahma), Xiva (Shiva) e Vixnu (Vishnu). Tradicionalmente o culto directo aos membros da Trimurti é relativamente raro - em vez disso, costuma-se prestar culto aos avatares mais específicos e mais próximos da realidade cultural e psicológica dos praticantes, como por exemplo Críxena (Krishna), avatar de Vixnu e personagem central do Bagavadguitá. Os hindus cultuam cerca de 330 mil divindades diferentes.
A maioria dos estudiosos entende que esta civilização floresceu entre os II e I milénios a.C.. O uso do sânscrito védico continuou até o século VI a.C., quando a cultura se começou a transformar nas formas clássicas do hinduísmo. Esta fase da história da Índia é conhecida como o “período védico” ou “era védica”. A sua fase primitiva testemunhou a formação de diversos reinos da Índia antiga; na sua fase tardia (a partir de cerca de 700 a.C.), surgiram os Mahajanapadas, dezasseis grandes reinos no norte e no noroeste da Índia. Seguiram-se-lhe a Idade de Ouro do hinduísmo e da literatura em sânscrito clássico, o Império Maurya (a partir de cerca de 320 a.C.) e os reinos médios da Índia (a partir do século II a.C.).
Além dos principais textos do hinduísmo (os Vedas), os grandes épicos indianos (Ramáiana e Maabárata), inclusive as famosas histórias de Rama e Krishna, teriam a sua origem neste período, a partir de uma tradição oral. O Bhagavad Gita, outro bem-conhecido texto primário do hinduísmo, está contido no Maabárata.
Dataria desta época a organização da sociedade indiana em quatro varnas (castas).É nesta época que se encontram as raízes da religião hindu. Entre as suas raízes está a religião védica da Idade do Ferro na Índia e, como tal, o hinduísmo é citado frequentemente como a "religião mais antiga", a "mais antiga tradição viva" ou a "mais antiga das principais tradições existentes". É formado por diferentes tradições e composto por diversos tipos, e não possui um fundador. Estes tipos, sub-tradições e denominações, quando somadas, fazem do hinduísmo a terceira maior religião, depois do Cristianismo e do Islamismo.
Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas, representado por divindades individuais. O hinduísmo é centrado sobre uma variedade de práticas que são vistos como meios de ajudar o indivíduo a experimentar a divindade que está em todas as partes, e realizar a verdadeira natureza de seu Ser.
A teologia hinduísta se fundamenta no culto aos avatares (manifestações corporais) da divindade suprema, Brâmane. Particular destaque é dado à Trimurti - uma trindade constituída por Brama (Brahma), Xiva (Shiva) e Vixnu (Vishnu). Tradicionalmente o culto directo aos membros da Trimurti é relativamente raro - em vez disso, costuma-se prestar culto aos avatares mais específicos e mais próximos da realidade cultural e psicológica dos praticantes, como por exemplo Críxena (Krishna), avatar de Vixnu e personagem central do Bagavadguitá. Os hindus cultuam cerca de 330 mil divindades diferentes.
c) Os 16 Mahajanapadas da Idade do Ferro

Os dezasseis Mahajanapadas da Idade do Ferro no sub-continente indiano, estendendo-se principalmente ao longo da planície gangética.
Durante a Idade do Ferro, que começou na Índia em torno de 1000 a.C., diversos pequenos reinos e cidades-estado cobriram o sub-continente, muitos mencionados na literatura védica a partir de 1000 a.C.. Em torno de 500 a.C., dezasseis monarquias e "repúblicas", conhecidas como Mahajanapadas, estendiam-se através das planícies indo-gangéticas, desde o que é hoje o Afeganistão até Bangladesh: Kasi, Kosala, Anga, Magadha, Vajji (ou Vriji), Malla, Chedi, Vatsa (ou Vamsa), Kuru, Panchala, Machcha (ou Matsya), Surasena, Assaka, Avanti, Gandhara e Kamboja. Os maiores dentre aqueles países eram Magadha, Kosala, Kuru e Gandhara. A língua culta daquele período era o sânscrito, enquanto que os dialectos da população em geral do norte da Índia eram conhecidos como “prácritos”.
Os rituais hindus da época eram complicados e conduzidos pela classe sacerdotal. Os Upanixades, textos védicos tardios que lidavam principalmente com filosofia, teriam sido compostos no início daquele período e seriam, portanto, contemporâneos do desenvolvimento do budismo e do jainismo, o que indicaria uma idade do ouro filosófica naquele momento, semelhante ao que ocorreu na Grécia antiga. Em 537 a.C., Gautama Buda atingiu a iluminação e fundou o budismo, inicialmente visto como um complemento ao darma védico. No mesmo período, em meados do século VI a.C., Mahavira fundou o jainismo. Ambas as religiões tinham uma doutrina simples e eram pregadas em prácrito, o que ajudava a disseminá-las entre as massas. Embora o impacto geográfico do jainismo tenha sido limitado, freiras e monges budistas levaram os ensinamentos de Buda à Ásia Central e Oriental, Tibete, Sri Lanka e Sudeste asiático.
Os Mahajanapadas eram, grosso modo, o equivalente às cidades-estado gregas do mesmo período no Mediterrâneo, e produziam uma filosofia que viria a formar a base de grande parte das crenças do mundo oriental, da mesma maneira que a Grécia antiga produziria uma filosofia que influenciaria grande parte das crenças do mundo ocidental. O período encerrou-se com as invasões persa e grega e a ascensão subsequente de um único império indiano a partir do reino de Magadha.
Durante a Idade do Ferro, que começou na Índia em torno de 1000 a.C., diversos pequenos reinos e cidades-estado cobriram o sub-continente, muitos mencionados na literatura védica a partir de 1000 a.C.. Em torno de 500 a.C., dezasseis monarquias e "repúblicas", conhecidas como Mahajanapadas, estendiam-se através das planícies indo-gangéticas, desde o que é hoje o Afeganistão até Bangladesh: Kasi, Kosala, Anga, Magadha, Vajji (ou Vriji), Malla, Chedi, Vatsa (ou Vamsa), Kuru, Panchala, Machcha (ou Matsya), Surasena, Assaka, Avanti, Gandhara e Kamboja. Os maiores dentre aqueles países eram Magadha, Kosala, Kuru e Gandhara. A língua culta daquele período era o sânscrito, enquanto que os dialectos da população em geral do norte da Índia eram conhecidos como “prácritos”.
Os rituais hindus da época eram complicados e conduzidos pela classe sacerdotal. Os Upanixades, textos védicos tardios que lidavam principalmente com filosofia, teriam sido compostos no início daquele período e seriam, portanto, contemporâneos do desenvolvimento do budismo e do jainismo, o que indicaria uma idade do ouro filosófica naquele momento, semelhante ao que ocorreu na Grécia antiga. Em 537 a.C., Gautama Buda atingiu a iluminação e fundou o budismo, inicialmente visto como um complemento ao darma védico. No mesmo período, em meados do século VI a.C., Mahavira fundou o jainismo. Ambas as religiões tinham uma doutrina simples e eram pregadas em prácrito, o que ajudava a disseminá-las entre as massas. Embora o impacto geográfico do jainismo tenha sido limitado, freiras e monges budistas levaram os ensinamentos de Buda à Ásia Central e Oriental, Tibete, Sri Lanka e Sudeste asiático.
Os Mahajanapadas eram, grosso modo, o equivalente às cidades-estado gregas do mesmo período no Mediterrâneo, e produziam uma filosofia que viria a formar a base de grande parte das crenças do mundo oriental, da mesma maneira que a Grécia antiga produziria uma filosofia que influenciaria grande parte das crenças do mundo ocidental. O período encerrou-se com as invasões persa e grega e a ascensão subsequente de um único império indiano a partir do reino de Magadha.
d) Invasões persa e grega
Na altura do século V a.C., o norte do sub-continente indiano foi invadido pelo Império Aqueménida e, no final do século IV a.C., pelos gregos do exército de Alexandre, o Grande. Ambos os eventos repercutiram fortemente na civilização indiana, pois os sistemas políticos dos persas viriam a influenciar a filosofia política indiana, inclusive a administração da dinastia maurya, e formou-se um cadinho das culturas indiana, persa, centro-asiática e grega no que é hoje o Afeganistão, de modo a produzir uma singular cultura híbrida.
d) 1 – Império aqueménidan
Grande parte do noroeste do sub-continente indiano (actualmente o leste do Afeganistão e quase todo o Paquistão) foi governada pelo Império Persa aqueménida a partir de cerca de 520 a.C. (durante o reinado de Dario, o Grande) até a sua conquista por Alexandre, o Grande. Os aqueménidas, cujo controlo sobre a região durou 186 anos, usavam a escrita aramaica para a língua persa. Com o fim da dinastia, a escrita grega passou a ser mais comum.
d) 2 – O império de Alexandresco
A interacção entre a Grécia helenística e o budismo teve início com a conquista da Ásia Menor e do Império Aqueménida por Alexandre, o Grande. Posteriormente, o monarca macedónio atingiu as fronteiras noroeste do sub-continente indiano em 334 a.C.. Ali, derrotou o Rei Poro na batalha de Hidaspes (próximo da actual Jhelum, Paquistão) e apoderou-se da maior parte do actual Panjabe. Entretanto, as tropas de Alexandre recusaram-se a prosseguir além do Hifasis (rio Beas), próximo da actual Jalandhar, Índia. O monarca atravessou então o curso d´água e mandou erguer altares para marcar o extremo oriental de seu império.
f) Império Magadhacusão
Originalmente, Magadha era um dos dezasseis Mahajanapadas indo-arianos da Índia Antiga. O reino emergiu como uma grande potência após subjugar dois Estados vizinhos, e era dono de um exército incomparável na região.
Em 326 a.C., o exército de Alexandre, o Grande, aproximou-se das fronteiras do Império Magadha. As tropas, exaustas e receosas de enfrentar mais um gigantesco exército indiano no rio Ganges, amotinaram-se no rio Hifasis e recusaram-se a prosseguir em direcção a leste. Naquelas condições, Alexandre decidiu avançar para sul, seguindo o Indo até o Oceano.
A partir de então, formaram um império que controlou o centro e o sul da Índia (o Decão), mantendo a ordem naquela porção do sub-continente, em especial após o fim dos mauryas e em face das sucessivas ondas de invasores vindos do noroeste.
Os andaras competiam pela supremacia na planície gangética com o Império Sunga, que controlava o nordeste da Índia entre c. 185 a.C. e 73 a.C..
Bateram-se ao longo do tempo contra os indo-gregos, os sátrapas ocidentais (indo-citas) e os indo-partos (partos). Embora pudessem resistir aos avanços dos seu inimigos (os andaras dispunham talvez das forças armadas mais poderosas da época na Ásia), os conflitos com os impérios constituídos pelos invasores de noroeste terminaram por enfraquecê-los até que, em cerca de 220, a dinastia extinguiu-se.
Em 326 a.C., o exército de Alexandre, o Grande, aproximou-se das fronteiras do Império Magadha. As tropas, exaustas e receosas de enfrentar mais um gigantesco exército indiano no rio Ganges, amotinaram-se no rio Hifasis e recusaram-se a prosseguir em direcção a leste. Naquelas condições, Alexandre decidiu avançar para sul, seguindo o Indo até o Oceano.
A partir de então, formaram um império que controlou o centro e o sul da Índia (o Decão), mantendo a ordem naquela porção do sub-continente, em especial após o fim dos mauryas e em face das sucessivas ondas de invasores vindos do noroeste.
Os andaras competiam pela supremacia na planície gangética com o Império Sunga, que controlava o nordeste da Índia entre c. 185 a.C. e 73 a.C..
Bateram-se ao longo do tempo contra os indo-gregos, os sátrapas ocidentais (indo-citas) e os indo-partos (partos). Embora pudessem resistir aos avanços dos seu inimigos (os andaras dispunham talvez das forças armadas mais poderosas da época na Ásia), os conflitos com os impérios constituídos pelos invasores de noroeste terminaram por enfraquecê-los até que, em cerca de 220, a dinastia extinguiu-se.
e) 1 – Império Gupta

Da mesma forma que os andaras, os guptas foram uma dinastia nativa da Índia que se opôs aos invasores de noroeste. Nos séculos IV e V, a dinastia gupta unificou a Índia setentrional. Naquele período, conhecido como a Idade do Ouro indiana, a cultura, a política e a administração hindus atingiram patamares sem precedentes. Com o colapso do império no século VI, a Índia voltou a ser governada por diversos reinos regionais.
As suas origens são, em grande medida, desconhecidas. O viajante chinês I-tsing fornece a mais antiga prova da existência de um reino gupta em Magadha. Acredita-se que os puranas védicos foram redigidos naquela época; deve-se ao Império Gupta, também, a invenção dos conceitos de zero e infinito e os símbolos para o que viria a ser conhecido como os algarismos arábicos (1-9). O império chegou ao fim com o ataque dos hunos brancos provenientes da Ásia Central. Uma linhagem menor do clã gupta, que continuou a reinar em Magadha após a desintegração do império, foi finalmente destronada pelo Harshavardhana, que reunificou o norte do sub-continente na primeira metade do século VII.
As suas origens são, em grande medida, desconhecidas. O viajante chinês I-tsing fornece a mais antiga prova da existência de um reino gupta em Magadha. Acredita-se que os puranas védicos foram redigidos naquela época; deve-se ao Império Gupta, também, a invenção dos conceitos de zero e infinito e os símbolos para o que viria a ser conhecido como os algarismos arábicos (1-9). O império chegou ao fim com o ataque dos hunos brancos provenientes da Ásia Central. Uma linhagem menor do clã gupta, que continuou a reinar em Magadha após a desintegração do império, foi finalmente destronada pelo Harshavardhana, que reunificou o norte do sub-continente na primeira metade do século VII.
e) 2 – Invasão dos hunos brancos
Os hunos brancos aparentemente integravam o grupo heftalita que se estabeleceu no território correspondente ao Afeganistão, na primeira metade do século V, com capital em Bamiyan. Foram os responsáveis pela queda do Império Gupta, encerrando o que os historiadores consideram uma Idade do Ouro da Índia setentrional. Entretanto, grande parte do Decão e a Índia meridional mantiveram-se ao largo dos sobressaltos ocorridos ao norte.
O imperador gupta Skandagupta repeliu uma invasão huna em 455, mas os hunos brancos continuaram a pressionar a fronteira noroeste (actual Paquistão) e terminaram por penetrar o norte da Índia no final do século V, de maneira a acelerar a desintegração do Império Gupta. Após o século VI, há poucos registos na Índia acerca dos hunos. O seu destino é incerto: alguns estudiosos pensam que os invasores foram assimilados pela população local; outros sugeriram que os hunos seriam os ancestrais dos rajaputros.
O imperador gupta Skandagupta repeliu uma invasão huna em 455, mas os hunos brancos continuaram a pressionar a fronteira noroeste (actual Paquistão) e terminaram por penetrar o norte da Índia no final do século V, de maneira a acelerar a desintegração do Império Gupta. Após o século VI, há poucos registos na Índia acerca dos hunos. O seu destino é incerto: alguns estudiosos pensam que os invasores foram assimilados pela população local; outros sugeriram que os hunos seriam os ancestrais dos rajaputros.
f) Reinos médios tardios – a era clássica
Esta fase histórica pode ser definida como o período entre a queda do Império Gupta e as conquistas de Harshavardhana, por um lado, e o surgimento dos primeiros sultanatos islâmicos na Índia com o correspondente declínio do Império meridional Vijaynagar, no século XIII, por outro. Naquela fase destacaram-se o Reino Chola, no território correspondente ao norte de Tâmil Nadu, e o Reino Chera, no que é hoje Kerala. Os portos da Índia meridional dedicavam-se então ao comércio do Oceano Índico, especialmente de especiarias, com o Império Romano a oeste e o sudeste da Ásia a leste. No norte, estabeleceu-se o primeiro dos Rajaputros, uma série de reinos que sobreviveria em certa medida por quase um milénio até a independência indiana frente aos britânicos. O período assistiu uma produção artística considerada a epítome do desenvolvimento clássico; os principais sistemas espirituais e filosóficos locais continuaram a ser o hinduísmo, o budismo e o jainismo.
No norte, sucederam o império formado por Harshavardhana as dinastias Pratihara, de Malwa (no actual Rajastão), Pala, de Bengala, e Rashtrakuta, do Decão, entre os séculos VII e IX. No sul e no centro, surgiram o Império Chalukya, de Badami (no actual Karnataka), e Pallavi, de Kanchipuram (no actual Tâmil Nadu), entre os séculos VI e VIII.
No norte, sucederam o império formado por Harshavardhana as dinastias Pratihara, de Malwa (no actual Rajastão), Pala, de Bengala, e Rashtrakuta, do Decão, entre os séculos VII e IX. No sul e no centro, surgiram o Império Chalukya, de Badami (no actual Karnataka), e Pallavi, de Kanchipuram (no actual Tâmil Nadu), entre os séculos VI e VIII.
f) 1 – Dinastia chola
Os cholas emergiram como o império mais poderoso do sub-continente no século IX e mantiveram o seu domínio até ao século XII. Como uma dinastia de origem tâmil, o seu centro de poder localizava-se no sul da península indiana. O seu apogeu ocorreu durante os séculos X, XI e XII, quando governavam um território que incluía o sul do sub-continente, as ilhas Maldivas e parte do Ceilão, chegando em certo momento até o Ganges, ao norte, e ao Arquipélago Malaio, além de certos pontos ao longo do Golfo de Bengala.
Enquanto os cholas dominavam o sul, ao norte três reinos disputavam a supremacia: os pratiharas, no actual Rajastão, o Império Pala, nos actuais Bihar e Bengala, e os rashtrakutas, no Decão.
Enquanto os cholas dominavam o sul, ao norte três reinos disputavam a supremacia: os pratiharas, no actual Rajastão, o Império Pala, nos actuais Bihar e Bengala, e os rashtrakutas, no Decão.
f) 2 – Rajaputros
A história regista os primeiros reinos rajaputros no Rajastão a partir do século VII, mas foi nos séculos IX a XI que passaram a participar activamente os acontecimentos no sub-continente. As diversas dinastias rajaputras posteriormente governaram boa parte da Índia setentrional. Como regra geral, os rajaputros, devido à sua localização no norte do sub-continente indiano, foram os que mais enfrentaram as invasões islâmicas e a subsequente expansão dos sultanatos muçulmanos. No período histórico posterior, cooperaram com o Império Mogol.
g) Invasão islâmica
A invasão do sub-continente indiano por tribos e impérios estrangeiros foi frequente ao longo da história, e costumava terminar com o invasor absorvido pelo cadinho sócio-cultural indiano. A diferença, na fase histórica em apreço, é que os Estados muçulmanos invasores - em geral, de origem turcomana - mantiveram, uma vez instalados no sub-continente, o seu caráter islâmico, com repercussões até os dias de hoje.
A primeira incursão muçulmana (árabe omíada) de monta ocorreu no século VIII, contra o Baluchistão, Sind e o Panjabe, resultando em Estados islâmicos sobre os quais o controlo do Califado era muito ténue. No início do século XI, a dinastia ghaznávida (de Ghazni, cidade do actual Afeganistão), de origem turcomana, avançou sobre o oeste e o norte da Índia, conquistando o Panjabe; a Caxemira, o Rajastão e Guzerate permaneceram sob controlo dos rajaputros. No século XII, os ghóridas, uma dinastia também turcomana e originalmente do Afeganistão, venceram o império ghaznávida e alguns Rajahs do norte da Índia e lograram conquistar Delhi, ali fundando (já no século XIII) o Sultanato de Delhilhi.
A primeira incursão muçulmana (árabe omíada) de monta ocorreu no século VIII, contra o Baluchistão, Sind e o Panjabe, resultando em Estados islâmicos sobre os quais o controlo do Califado era muito ténue. No início do século XI, a dinastia ghaznávida (de Ghazni, cidade do actual Afeganistão), de origem turcomana, avançou sobre o oeste e o norte da Índia, conquistando o Panjabe; a Caxemira, o Rajastão e Guzerate permaneceram sob controlo dos rajaputros. No século XII, os ghóridas, uma dinastia também turcomana e originalmente do Afeganistão, venceram o império ghaznávida e alguns Rajahs do norte da Índia e lograram conquistar Delhi, ali fundando (já no século XIII) o Sultanato de Delhilhi.
g) 1 – Sultanato de Delhi
O Sultanato de Delhi (1206-1526) expandiu-se rapidamente até incluir a maior parte da Índia setentrional, do passo Khyber até Bengala. Posteriormente, conquistou o Guzerate e Malwa e voltou-se para o sul, chegando até o actual Tâmil Nadu. A expansão para o sul continuou pelas mãos do Sultanato Bahmani, que se separara de Delhi, e dos cinco sultanatos independentes do Decão, sucessores de Bahmani após 1518. O reino de Vijayanagar uniu o sul da Índia e bloqueou o avanço muçulmano até cair frente aos sultanatos decanis, em 1565.
Talvez a contribuição mais importante do Sultanato tenha sido o seu sucesso temporário em isolar o sub-continente da potencial devastação provocada pela invasão mongol da Ásia Central no século XIII. O Sultanato de Delhi foi absorvido em 1526 pelo Império Mogol.
Talvez a contribuição mais importante do Sultanato tenha sido o seu sucesso temporário em isolar o sub-continente da potencial devastação provocada pela invasão mongol da Ásia Central no século XIII. O Sultanato de Delhi foi absorvido em 1526 pelo Império Mogol.
h) Império Mogol

Em 1526, um descendente de Tamerlão chamado Babur, de origem turco-perso-mongol, atravessou o Passo Khyber, invadiu o sub-continente e estabeleceu o que viria a ser o Império Mogol, que perduraria por mais de dois séculos e cobriria um território ainda maior do que o do Império Maurya. Por volta de 1600, a dinastia mogol já controlava a maior parte do sub-continente; entrou em declínio após 1707 e foi finalmente invadida pelos britânicos em 1857, após a revolta dos sipais. Este período foi marcado por grandes mudanças sociais, ocorridas numa sociedade de maioria hindu, governada por grão-mogóis (imperadores) muçulmanos que, alguns, adotavam uma postura de tolerância religiosa, outros, destruíam templos hindus e cobravam impostos dos não-muçulmanos.
Da mesma maneira pela qual os conquistadores mongóis da China e da Pérsia tinham adoptado a cultura local, os mogóis professavam uma política de integração com a cultura indiana, que contribui para explicar o seu sucesso em comparação com o Sultanato de Delhi. Os grão-mogóis casaram-se com a realeza local, aliaram-se com marajás e procuraram fundir a sua cultura turco-persa com as tradições indianas.
Da mesma maneira pela qual os conquistadores mongóis da China e da Pérsia tinham adoptado a cultura local, os mogóis professavam uma política de integração com a cultura indiana, que contribui para explicar o seu sucesso em comparação com o Sultanato de Delhi. Os grão-mogóis casaram-se com a realeza local, aliaram-se com marajás e procuraram fundir a sua cultura turco-persa com as tradições indianas.
i) Era pós-mogol
i) 1 – Império Marata
O Império Marata (posteriormente conhecido como Confederação Marata) foi um Estado hindu que existiu entre 1674 e 1818 e que esteve frequentemente em guerra com o Império Mogol muçulmano, contribuindo para o declínio deste último. Foi a força predominante no sub-continente durante a maior parte do século XVIII e logrou conter o avanço dos colonizadores britânicos. Disputas internas e três guerras anglo-maratas (final do século XVIII e início do século XIX) puseram fim ao império, cujo território foi em grande medida anexado ao Império Britânico, embora algumas regiões se tenham mantido nominalmente independentes como Estados principescos vinculados à Índia britânica.
i) 2 – Panjabe
Entre 1716 e 1799, o Panjabe foi governado por um conjunto de Estados siques de médio porte conhecido como Confederação Sique. Embora em termos políticos a confederação fosse descentralizada, os Estados integrantes eram unidos em torno de uma cultura e religião comuns, representados pela religião sique. As duas guerras anglo-siques (1845 a 1849) resultaram na absorção do Panjabe pela Índia britânica.
l) Era colonial
A descoberta da rota marítima para a Índia em 1498, por Vasco da Gama, sinalizou o início do estabelecimento de territórios controlados pelas potências europeias no sub-continente. Os portugueses constituíram bases em Goa, Damão, Diu e Bombaim, entre outras. Seguiram-se os franceses e os holandeses no século XVII.
(A História da Índia Portuguesa encontra-se numa secção própria)
l) 1 – Índia britânica

A Companhia Inglesa das Índias Orientais estabeleceu uma primeira base em Bengala, em 1757. Na altura dos anos 1850, os britânicos já controlavam quase todo o sub-continente, inclusive o território correspondente aos actuais Paquistão e Bangladesh. A revolta dos sipais, de 1857, forçou a companhia a transferir a administração da Índia para a coroa britânica.
m) Movimento de independência (para a história da Índia após 1947)
Organizações sociais fundadas no final do século XIX e início do século XX para defender os interesses indianos junto do governo da Índia britânica transformaram-se em movimentos de massa contra a presença britânica no sub-continente, agindo por meio de acções parlamentares e resistência não-violenta. Após a divisão da Índia, ou seja, a separação do antigo Raj britânico entre a República da Índia e o Paquistão, em Agosto de 1947, o mundo testemunhou a maior migração maciça da história, quando um total de 12 milhões de hindus, siques e muçulmanos cruzaram a fronteira da Índia com o Paquistão Ocidental e a fronteira da Índia com o Paquistão Oriental.
B. Os Maharajas – história e
encontro com um português
a) Os governantes do Oriente: Maharajas

Existem muitos mitos e lendas em torno das vidas das personagens fantásticas que eram os grandes reis da Índia, que governaram as diversas regiões do sub-continente antes da invasão imperial britânica. Os Maharajas eram uma tradição enraizada na cultura védica desde tempos imemoriais. Sob o patrocínio dos Maharajas, a Índia tornou-se uma das grandes civilizações do mundo, rica em história, arte, cultura, misticismo e espiritualidade.
Maharaja é um termo que significa "grande rei". O seu equivalente feminino é "Maharani" e "majarani", que pode ou ser a mulher do Governador ou, quando tal é permitido, a senhoras que estão no poder. Os príncipes de sangue são Maharaj Kumar, que significa "filho de um maharaja" e Maharaj Kumari, "filha de um Maharaja". Os Maharajas são sempre os primogénitos da primeira esposa.
Com o enfraquecimento do império Mogul na Índia (século XVIII), surgiram reinos independentes dentro do seu antigo território. Os senhores feudais, que governaram esses estados foram geralmente conhecido como Rajahs (Reis) quando eram hindus e nababos (delegados), quando eram muçulmanos.
Maharaja é um termo que significa "grande rei". O seu equivalente feminino é "Maharani" e "majarani", que pode ou ser a mulher do Governador ou, quando tal é permitido, a senhoras que estão no poder. Os príncipes de sangue são Maharaj Kumar, que significa "filho de um maharaja" e Maharaj Kumari, "filha de um Maharaja". Os Maharajas são sempre os primogénitos da primeira esposa.
Com o enfraquecimento do império Mogul na Índia (século XVIII), surgiram reinos independentes dentro do seu antigo território. Os senhores feudais, que governaram esses estados foram geralmente conhecido como Rajahs (Reis) quando eram hindus e nababos (delegados), quando eram muçulmanos.
b) A Índia Britânica e os Maharajas

O termo “Índia Britânica” é a denominação não oficial para o domínio colonial do Império Britânico sobre o sub-continente indiano, aqui entendido como a área geográfica que inclui os territórios actuais de Índia, Paquistão, Bangladesh (ex-Paquistão Oriental) e Mianmar (antes chamado "Birmânia"). Pode ser designado também pelo termo Raj Britânico, do hindustâni rāj, "reino". No tempo, corresponde a um período desde 1858, quando os direitos da Companhia Britânica das Índias Orientais foram transferidos para a coroa britânica, até 1947, ano em que o Reino Unido passou a soberania sobre aquele território para os recém-criados Índia e Paquistão.
Do ponto de vista formal, o termo "Índia britânica" aplicava-se apenas às porções do sub-continente governadas directamente pela administração britânica em Delhi e, anteriormente, Calcutá. A maior parte do território do sub-continente sob influência britânica naquela época não era governada directamente pelos britânicos: os chamados "Estados principescos" eram nominalmente independentes, governados pelos seus marajás, Rajahs, thakurs e nababos, que reconheciam o monarca britânico como seu suserano feudal por meio de tratados.
Do ponto de vista formal, o termo "Índia britânica" aplicava-se apenas às porções do sub-continente governadas directamente pela administração britânica em Delhi e, anteriormente, Calcutá. A maior parte do território do sub-continente sob influência britânica naquela época não era governada directamente pelos britânicos: os chamados "Estados principescos" eram nominalmente independentes, governados pelos seus marajás, Rajahs, thakurs e nababos, que reconheciam o monarca britânico como seu suserano feudal por meio de tratados.

De facto, o império Britânico não governou a totalidade do sub-continente. No seu vasto território subsistiram reinos independentes, cujos governantes exerciam os títulos de Maharaja e Nawab. A independência desses "estados principescos" foi nominal, porque eles estavam sujeitos a dominação económica, cultural e política da Inglaterra.
Os Maharajas eram, portanto, reis da Índia a um nível muito local e cada região ou grande cidade teve o seu Maharaja. Eles foram o auge do sistema político indiano durante muitos anos. Quando os britânicos chegaram, os Maharajas foram assimilando a sua cultura, e foram perdendo gradualmente o seu poder, passando o seu título a ser meramente honorário.
Finalmente, com a independência da Índia, os Maharajas perderam quase tudo o que ainda possuíam. Ao abrigo de um acordo com o governo indiano, puderam manter os seus títulos e mantiveram o direito a habitar nos seus palácios, desde que os preservassem, sendo que, ainda assim, a sua propriedade pertencia ao Estado.
Os Maharajas eram, portanto, reis da Índia a um nível muito local e cada região ou grande cidade teve o seu Maharaja. Eles foram o auge do sistema político indiano durante muitos anos. Quando os britânicos chegaram, os Maharajas foram assimilando a sua cultura, e foram perdendo gradualmente o seu poder, passando o seu título a ser meramente honorário.
Finalmente, com a independência da Índia, os Maharajas perderam quase tudo o que ainda possuíam. Ao abrigo de um acordo com o governo indiano, puderam manter os seus títulos e mantiveram o direito a habitar nos seus palácios, desde que os preservassem, sendo que, ainda assim, a sua propriedade pertencia ao Estado.
c) Encontro com um português

O Maharaja de Gwalior , Madho Rao Scindia, tinha uma fortuna incalculável. Um dos membros de uma das várias famílias portuguesas que ainda viviam na Índia em finais do século XIX, inícios do século XX, manteve contacto profissional com este Maharaja. Como engenheiro, trabalhava nas terras do maharaja projectando e construindo uma via de caminhos de ferro.
Ao seu amigo engenheiro, explicou que a resistência dos vários pisos dos palácios foi testada com uma manada de elefantes.
A tal ponto se deram bem que, depois de muita convivência, o Maharaja chamou o seu amigo português e disse-lhe: "A nossa relação é grande. És meu irmão. Quero que aceites o convite de partilhar comigo todas as fortunas que eu tenho. Quero que a tua família se venha instalar nos meus palácios e tudo o que eu possuir, considera-o também como teu. Há apenas uma condição, que espero que não venha a ser obstáculo: nunca mais poderás trabalhar."
Este pais de vários filhos regressou algum tempo depois para portugal, prosseguindo a sua carreira profissional no seu país.
Ao seu amigo engenheiro, explicou que a resistência dos vários pisos dos palácios foi testada com uma manada de elefantes.
A tal ponto se deram bem que, depois de muita convivência, o Maharaja chamou o seu amigo português e disse-lhe: "A nossa relação é grande. És meu irmão. Quero que aceites o convite de partilhar comigo todas as fortunas que eu tenho. Quero que a tua família se venha instalar nos meus palácios e tudo o que eu possuir, considera-o também como teu. Há apenas uma condição, que espero que não venha a ser obstáculo: nunca mais poderás trabalhar."
Este pais de vários filhos regressou algum tempo depois para portugal, prosseguindo a sua carreira profissional no seu país.

A filha deste português apresenta um artigo escrito pelo próprio pai:
“Contava o Pai que o palácio do Maharaja não tinha descrição, parecia um conto das mil e uma noites. Um parque imenso com oito ou dez palácios, lagos, tanques, mirantes, etc… No palácio dele havia imensa riqueza, magnificências da verdadeira Índia dos Rajahs, mas ao mesmo tempo todo o luxo e conforto europeus, mobílias, cristais e…tapetes! Nas garagens, havia mais de 40 automóveis (nesse tempo, 1915) de todas as marcas e feitios.
O pai estava hospedado num dos palácios, que era só para hospedes, e tinha só para si quarto, salinha, quarto de vestir, quarto de malas e quarto de banho, que era um “poema”, dizia o pai. E havia assim para 38 hóspedes.
Nos jardins, imensos pavões, etc…Assistiu a uma festa “Dossoro” com um cortejo lindo, carruagens magníficas, palequins riquíssimos, de príncipes, cada um com o seu séquito, ricos e espalhafatosos, muitos elefantes lindamente ajaezados com colchas, pratas e jóias, camelos, etc…! No fim, vinha o Maharajah precedido dum esquadrão de lanceiros vestidos à moderna com belos cavalos. O rajah também foi a uma festa num pagode, mas foi de elefante, a cadeira era de oiro maciço, o cortejo era de uns vinte ou trinta elefantes. O Estado de Gwalior tinha infantaria, cavalaria e artilharia. Tenho ideia que era um exército de 12.000 homens.
“Contava o Pai que o palácio do Maharaja não tinha descrição, parecia um conto das mil e uma noites. Um parque imenso com oito ou dez palácios, lagos, tanques, mirantes, etc… No palácio dele havia imensa riqueza, magnificências da verdadeira Índia dos Rajahs, mas ao mesmo tempo todo o luxo e conforto europeus, mobílias, cristais e…tapetes! Nas garagens, havia mais de 40 automóveis (nesse tempo, 1915) de todas as marcas e feitios.
O pai estava hospedado num dos palácios, que era só para hospedes, e tinha só para si quarto, salinha, quarto de vestir, quarto de malas e quarto de banho, que era um “poema”, dizia o pai. E havia assim para 38 hóspedes.
Nos jardins, imensos pavões, etc…Assistiu a uma festa “Dossoro” com um cortejo lindo, carruagens magníficas, palequins riquíssimos, de príncipes, cada um com o seu séquito, ricos e espalhafatosos, muitos elefantes lindamente ajaezados com colchas, pratas e jóias, camelos, etc…! No fim, vinha o Maharajah precedido dum esquadrão de lanceiros vestidos à moderna com belos cavalos. O rajah também foi a uma festa num pagode, mas foi de elefante, a cadeira era de oiro maciço, o cortejo era de uns vinte ou trinta elefantes. O Estado de Gwalior tinha infantaria, cavalaria e artilharia. Tenho ideia que era um exército de 12.000 homens.

O pai foi recebido lindamente, foram todos amabilíssimos. Maharajah incluído, e ficou bastante desconsolado. Estava muito animado pensando que o seu “cunhado”, como ele dizia, Strogy”, lhe arranjasse um lugar. Podia lá ficar o tempo que quisesse, mesmo com a família, mas emprego não havia.
Quando o pai foi cumprimentar o Maharajah quasi tropeçou numa pantera (se a memória não me falha, negra) que ele tinha junto de si.
O jornal “O comércio do Porto”, de 11 de Dezembro de 1915 traz uma notícia sobre esta viagem do pai a Gwalior, evidentemente escrita por ele e faz parte de uma carta que escreveu à mãe, datada de 17 de Outubro:
Quando o pai foi cumprimentar o Maharajah quasi tropeçou numa pantera (se a memória não me falha, negra) que ele tinha junto de si.
O jornal “O comércio do Porto”, de 11 de Dezembro de 1915 traz uma notícia sobre esta viagem do pai a Gwalior, evidentemente escrita por ele e faz parte de uma carta que escreveu à mãe, datada de 17 de Outubro:

«Na Índia, visita a um Maharajah
Um nosso distinto compatriota e amigo descreve assim, numa interessante carta, a sua recente visita ao Maharajah de Gwalior: saí de Bombaim na quinta-feira, num “Punjab Mail”. O combóio vinha cheio, de maneira que viajei com um oficial inglês e um japonês na mesma cabina: mas como estas são muito grandes e boas, vim muito bem. Cheguei aqui na sexta-feira, às 3 horas da tarde; estava um calor de abrasar, positivamente.
À tarde dei uma volta de carruagem pela cidade, que é muito grande e tem edifícios maravilhosos, género Delhi, mas aqui não há mármore, é tudo uma pedra esbranquiçada, um grés fino e duro. O que é assombroso são os rendilhados no género do screen, do Taj-Mahal, em Agra, mas mais bem feito, se é possível ainda. Dá um aspecto verdadeiramente feérico à terra. Há uma porção de edifícios novos em todos os estilos: índio, mourisco, grego clássico, Renascença, etc…Sumptuoso! Enfim, vê-se que é uma terra rica e governada com pompa e ostentação, característica destes príncipes indianos. Tudo iluminado a luz eléctrica, carreiras de automóveis, etc…
Um nosso distinto compatriota e amigo descreve assim, numa interessante carta, a sua recente visita ao Maharajah de Gwalior: saí de Bombaim na quinta-feira, num “Punjab Mail”. O combóio vinha cheio, de maneira que viajei com um oficial inglês e um japonês na mesma cabina: mas como estas são muito grandes e boas, vim muito bem. Cheguei aqui na sexta-feira, às 3 horas da tarde; estava um calor de abrasar, positivamente.
À tarde dei uma volta de carruagem pela cidade, que é muito grande e tem edifícios maravilhosos, género Delhi, mas aqui não há mármore, é tudo uma pedra esbranquiçada, um grés fino e duro. O que é assombroso são os rendilhados no género do screen, do Taj-Mahal, em Agra, mas mais bem feito, se é possível ainda. Dá um aspecto verdadeiramente feérico à terra. Há uma porção de edifícios novos em todos os estilos: índio, mourisco, grego clássico, Renascença, etc…Sumptuoso! Enfim, vê-se que é uma terra rica e governada com pompa e ostentação, característica destes príncipes indianos. Tudo iluminado a luz eléctrica, carreiras de automóveis, etc…

À noite, o Sotrogy apresentou-me a um príncipe Khachar, ajudante de campo do Rajah, que fala inglês perfeitamente e tem sido amabilíssimo comigo. Hontem, sábado, este príncipe fez-me visitar o palácio. Lá isso é que eu não sei descrever; parece-me um conto das mil e uma noites! Há um parque imenso, admiravelmente tratado: no meio disto, espalhados uns seis ou oito palácios, lagos, tanques, mirantes, etc…Género palácio de Delhi: não tão rico, mas dez a quinze vezes maior; é uma coisa fenomenal. Visitei o palácio propriamente dito, onde reside o Maharajah: é uma coisa imensa e onde se acham empilhadas todas as riquezas e magnificências da Índia, da verdadeira e autêntica Índia dos Rajahs, juntas a todos os confortos, luxos e requintes da civilização europeia. Que bronzes! Que mobílias! Que cristais e, sobretudo, tapetes! O da sala do Durbhar custou 62.000 rupias! Mas isto tudo em profusão, por toda a parte um luxo e uma riqueza que chegam a fazer impressão e que levariam semanas a ver detalhadamente.

Visitei os jardins, a garage, onde há quarenta e tantos autos de todas as marcas e feitios, etc…Entre outras coisas, visitei a guest-house, para onde vim hoje com armas e bagagens. Esta casa de hospedes do Maharajah, só por si, seria em qualquer parte uma coisa admirável. É um palácio enorme rodeado de magníficos jardins, peças de água, estátuas, etc..Está dentro dos terrenos do palácio. Tenho aqui uma suite composta de um magnífico quarto de cama, uma saleta, quarto de toilette, quarto de malas e um quarto de banho que é um poema! Chão de mármore, banheira grande, banhos de chuva, lavatórios de louça, grandes torneiras de água quente e fria, enfim, o cunho da higiene, comodidade e limpeza. Os outros quartos todos mobilados e arranjados com o maior luxo e conforto e todos com uns tapetes, mas que tapetes! Imaginem que nesta casa de hóspedes há trinta e oito suites iguais a esta: fora, é claro, salas de recepção e jantar, tudo isto a dizer: varandas, terraços, tudo, enfim. Estou, como vê, instalado como um príncipe. Enorme quantidade de pavões e ratos de palmeira (esquilos).

O Rajah só chegou ontem: veio para a festa do “Dossoro”, que é hoje. Já pela manhã assisti a uma parte do cerimonial. Pela manhã fui à adoração de armas; espadas, espingardas, artilharia, etc…no pagode. Fui para lá com o tal príncipe Khashar; mas, é claro, não fui dentro, porque nenhum estrangeiro é admitido às grandes solenidades religiosas: fiquei fora a ver o cortejo. Que cortejo! Carruagens magníficas, palanquins riquíssimos, de príncipes e nobres, cada um com o seu séquito, rica e espalhafatosamente vestidos. Muitos elefantes com riquíssimos aparelhos, cobertos de magníficas colchas, pratas e até jóias. Camelos, idem. No fim, o Maharajah de carroça de gala, tirada a três parelhas, precedido de um esquadrão de lanceiros antigos, com o uniforme tradicional, de escudo e lança e seguido de dois esquadrões também de lanceiros, mas armados e equipados à moderna: à inglesa, mas com fardas bonitas. Vinham muito bem, a quatro, à carga, belos cavalos, manobras regulares, faziam uma linda vista. Não posso descrever tudo isto porque levaria muito tempo e precisava de mais habilidade literária do que aquela de que disponho; mas tirei muitas fotografias. À tarde, o Maharajah e todo o séquito vão fazer a adoração a uma deusa qualquer: há um grande cortejo com elefantes…

Fui interrompido no domingo pelo príncipe Khachar, que me veio buscar para ver a segunda parte da festa. Muito interessante. O Rajah foi de auto para o pagode, e lá montou elefante e segui para o pagode da tal deusa, que é no campo, a duas milhas daqui. Não imagina o que é o arreio do elefante do Rajah: a cadeira, de ouro maciço, e tudo o resto ouro, e mais ouro, uma coisa assombrosa! No cortejo, iam ao todo uns vinte ou trinta elefantes, todos magnificamente ajaezados, mas nenhum como o do Rajah. Passaram por um grande campo aonde estavam formadas as tropas do Estado, doze mil homens de infantaria, artilharia e cavalaria; muito bonito e imponente e gostei muito de ver.
À noite o príncipe mandou-me dizer que o Rajah me receberia no dia seguinte. Lá fui: o Rajah recebeu-me com as máximas atenções, muito simplesmente, falou-se em muitas coisas: Goa, caça, Portugal e coisas portuguesas, que, etc…
Fui visitar o forte, que é interessantíssimo: e como não se pode ir lá acima de carro, dei o meu primeiro passeio de elefante. Digo-lhe que não é nada agradável; andei umas três horas e fiquei farto; mas gostei muito de ver o forte e o antigo palácio.
Chego agora a Bombaim e parto amanhã para Poona.”
À noite o príncipe mandou-me dizer que o Rajah me receberia no dia seguinte. Lá fui: o Rajah recebeu-me com as máximas atenções, muito simplesmente, falou-se em muitas coisas: Goa, caça, Portugal e coisas portuguesas, que, etc…
Fui visitar o forte, que é interessantíssimo: e como não se pode ir lá acima de carro, dei o meu primeiro passeio de elefante. Digo-lhe que não é nada agradável; andei umas três horas e fiquei farto; mas gostei muito de ver o forte e o antigo palácio.
Chego agora a Bombaim e parto amanhã para Poona.”